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sexta-feira, 23 de setembro de 2016

A HISTORIA DO RAGGA NACIONAL :: POR XANDÃO CRUZ




Nos primórdios dos anos oitenta em SP, Black Panthers era o grupo de rap do Crânio, Peter Muhammad e outros manos que tinham uma consciência sobre negritude e já faziam hip hop ragga. Peter também já traduzia livros sobre cultura Ras Tafari e divulgava os “five percenters” que e uma cultura muito divulgada nos bairros dos pretos dos Estados Unidos que louvam o Profeta Muhammad e Ras Tafari. Peter também gravou vários raggas com os grupos M.R.N, A Firma, Michael e outros.


Pepeu do famoso “P” de Pepeu também teve sua contribuição no rap-reggae,em parceria com Toninho Crespo (guitarrista e vocalista da banda Jualê que já tocou muito com Racionais Mcs), gravou a música “reggae e movimento” no disco “Rasta” onde defendia que o rap e o reggae são irmãos, nesse tempo já se ouvia Nomad, banda de SP que misturava ragga com outros ritmos e tinha o front man Rica que fazia os vocais toasters, com o sucesso “4 letras” estourada nas rádios da época. Do Rio Grande do Sul a banda Defalla liderada pelo produtor Edu K (conhecidíssimo por produções com Pavilhão 9, MRN, Chico Science e outros) fazia rock com rap e ragga, inclusive raggamuffin em instrumental de dancehall… isso em 1990.

Nesse tempo participando do rap, gravando se envolvendo e defendendo o ragga; Toaster Eddie ou Ragga Eddie ou Eddie Man, já fazia seu som em Curitiba, já viajou pra fora do Brasil fazendo ragga, e ate teve musica no CD da novela Malhação, o hit “Punnani Ta” esta entre o reggaeton e o ragga e fala das garotas, Eddie e um dos precursores e esta na ativa ate hoje.

Walking Lions grava o disco “Vitrine” onde participam Elementos da Terra e Rappin Hood numa música bem rap-reggae, mais tarde regravada por Rappin Hood em seu primeiro disco pela trama com participação de Funk Buia. Infelizmente e felizmente tivemos o Skank de BH que fazia reggae/dancehall original, com vocais melódicos e raggamuffins, após vários anos de sucesso nessa linha mudaram a roupagem total para rock londrino (Oásis, Verve, etc.)... que pena.






Nesse tempo já se ouvia as participações de jamaicanos como Lady Patra, Shabba Ranks gravidando com os cariocas do Cidade Negra, precursora em reggae/dancehall no Brasil. Em seu disco de estreia o Planet Hemp também veio com vários vocais ragga e do Planet Hemp nasce Gustavo Black Alien, conhecido por todos por suas inúmeras participações ragga com Reggae B (banda de Bi Ribeiro/Paralamas do Sucesso), Sabotagem, Marcelinho da Lua, Herbert Vianna e outros.


Houve uma época em SP que rap internacional dos anos 80, raggamuffin e hip hop reggae americano tocava muito nos bailes, e quem gostava eram as meninas e os ‘largatixas”, manos de periferias que usavam calça boca de sino, cabeça raspada, óculos na testa, e faziam vários passinhos no palco e pista, eram a bola da vez nas festas com seus bonzinhos escritos sempre “alguma coisa” boys, exemplo: sensuais boys, gueto boys e por aí foi, foi aí que o ragga foi associado a “largatixas”, todos na época falavam que ragga era coisa de “largatixas’ e vários DJs da época que hoje são obrigados a tocar ragga, discriminavam o ritmo.

Nessa época explodia o Grupo Kaya, Elementos da Terra e Família Abadá que faziam raggamufin legitimo, dançante, pop, pista e o escambau, e tinham dançarinas e dançarinos que encantavam os ouvidos da mulherada por onde passavam.

Parceiro do grupo Kaya (cujo integrante Marco Singer, esta na ativa ate hoje), já fazendo seus raggas na época Ras Flaminio era do grupo Quarto Poder, que mais tarde daria origem aos grupos Positivos e Família 7Velas, hoje com o nome de Sambatuh prepara o lançamento de seu disco solo (após participações em vários Cds da Família 7 Velas, Kafofo Records, Stereodubz, etc).




Também vindo dessa família Hemp, a banda O RAPPA sempre tem em seus vocais o ragga cantado por Marcelo Falcao, dessa cena toda carioca de Hemp family a banda de B.Negao na época Bernardão o Erótico do Funk Fuckers, misturava rock com miami bass, hardcore e ragga,  e o ragga era cantado por Jimmy Luv, primeiro a gravar em instrumentais jamaicanas (riddims) no Brasil e conhecido por suas inúmeras produções e bandeira do ragga nacional, Jimmy Luv ja lancou mais de 10 cds na linha ragga entre participações, já escreveu matéria sobre ragga para varias revistas, coletâneas nacionais e gringas, mix tapes, dubplates, e foi respondível pelo conhecimento, popularidade e ascensão de vários nomes do ragga nacional hoje no brasil.

Em SP também fazendo rap ragga o Afrodimpacto lança no álbum Consciência Black 3 a musica “Hurap Huragga”, influenciando uma leva de mc's do rap a partirem para a mistura ou para o ragga mesmo, Xandão sai do grupo com o DJ Vito (idealizador da festa Flavor e proprietário da loja Pavilhão Records) e formam o Afro Rude produzidos por Munhoz (do extinto Ascendência Mista, produtor e mc do Contra Fluxo, produtor do Mamelo Sound System) e Mr.Venon (Marcelo D2 e Projeto Manada), e varios outros, levantam a bandeira do hip hop reggae junto com o grupo Enganjaduz (grupo de Jimmy Luv na epoca), falando de cultura rastafari com shows empolgantes e muita vibração positiva.

Alexandre Cruz (atualmente do clã Reviravolta Mafia), ex-Afrodimpacto, Afro Rude, 18 Kilates, Diamantee, Variuz, Banka Terror, Enganjaduz, 7velas Crew), conhecido por Xandão ou Medrado esteve sempre ativo fortificando o hip hop e o ragga no Brasil através de incentivo com outros cantores, fanzines, colaborações em revistas, radio web e coletâneas. Fundador junto com Jimmy Luv da familia 7 Velas, Xandão já gravou ragga no primeiro cd da banda de ska Sapo Banjo em varias musicas, também com RPW, Dantas (no clipe da musica Na pista esta no youtube), e atualmente prepara uma radio aqui para o Radar Urbano voltado para isso e grava seus dubplates pelo mundo afora.




Dessa leva nasce Arcanjo Ras (Dom Dada Clan e Echo Sound System), (ex- Premonição, Afrodimpacto , Enganjaduz, Menthafora, Variuz e 7Velas Crew) um dos melhores cantores de ragga da atualidade já com dois discos lançados e inúmeras participações, Arcanjo é influencia e é bastante copiado por muitos, ativo na cena ragga, faz parceria com Mista Pumpkillah.

(Don dada Clan e ex Mentes Alienadas), (profundo pesquisador de ragga nacional), que esta divulgando seu disco lançado todo voltado para o ragga, Pump também e hoje um grande defensor do estilo dancehall no Brasil ao lado de sua esposa Poetiza (ex Grupo Poetizas), que já participou do programa Astros(mesmo programa que participou sua amiga e cantora Dani Black), cantando ragga, e tem em seu show uma dancehall queen (dançarina de ragga).


Jota-mano que veio do rap da zona oeste (Subúrbio Z/O era o nome do grupo), dono de uma levada muito nervosa que infelizmente parou de cantar ragga, lançou um disco com produção de Jimmy Luv, com participações de Arcanjo Ras e Alexandre Cruz, e participava de todos os shows da Família 7 Velas e 7Velas Crew, o seu “hit” nas ruas era o hilário relato de uma garota que não gostava muito de tomar banho e um reggae serio da saudosa musica ‘Todos Irmãos”.

Um pouco antes de acabar a Familia 7velas (Jimmy Luv, Xandão, Arcanjo, Junior Dread (ex-banda Reggae Style), Fex (ex-Filosofia de Rua, atual Reviravolta Mafia e Lito Atalaya), Lei Di Daí (ex-CNB), Sambatuh, Jota (ex Subúrbio Z/O), Miss Ivy, Alê Boxe e Buyaka San), a cena recebia de presente a bela Miss Ivy, que ja tem seu promo lançado e ja participou do programa Astros também, em seu show Miss Ivy traz a dançarina Tainá Bijou (pioneira em dançar ragga).

Vinda da banda Camarão na Brasa, SP tem a honra de ter em sua cidade a garota rude do gueto vinda da zona leste de SP Lei Di Dai, cantora de reggae/dancehall com seu disco já lançado que coleciona elogios por onde passa, hoje esta em turnê pela Europa divulgando sua musica.




Hoje no Brasil temos a banda Q.G Imperial uma banda exclusiva de dancehall (vide Profecy (Capleton) e Fya House (Sizzla Kalonji)), que toca com vários cantores do brasil(formada por Lucas Alemão - teclados, Jah Fyah Elijah - bateria, Daniel Kulcha Man - guitarra e Rafael Dum dum - contra-baixo) e ate com alguns de fora, alem de promoverem festas fortificando a cena por onde passam.

A banda tem membros que já foram de outras bandas como o Terceira Visão, liderada por Simba Amlak, cantor da Guiana Inglesa vindo do coletivo Rastafari Congo-Nyah, que junto com Lyson Fya (também vindo da Guiana), cantam reggae/dancehall em inglês defendendo a cultura Bobo Ashanti.

Fya Dub e um coletivo musical liderado por Ras Wellington que movimenta festas e divulgações pela internet.

No Rio de Janeiro temos os produtores do Digital Dubs: MPC (que já participou da banda de Marcelo Yuka ex-O RAPPA, atual F.U.R.T.O), Nelson (ex-O RAPPA), Kuque (um dos melhores d.js de ragga que já vi) e Cristiano Dub Master, que já lançaram varias coletâneas com cantores de ragga como (Jeru Banto (Rj) e Victor Bhing I (já com Cd lançado), e já viajaram pelo mundo mostrando nosso som,atualmente estão trabalhando com o cantor Dada Yute (ex-Leões de Israel), que canta em inglês e português e esta aparecendo muito na mídia agora, divulgando o reggae/dancehall com suas letras Bobo Ashantis (trindade da cultura Ras Tafari fundada por Prince Emmanuel), com produção de Gusta (Echo Sound System).


Dada Yute já viajou para Jamaica duas vezes onde teve contato com produtores e cantores da cena divulgados no momento pela MTV brasil.

Echo sound system e um trio formado por produtores e DJs voltados ao reggae; Veiga, Gusta e Pedrinho Dubstrong,t em em seu cast cantores como Dada Yute, Arcanjo Ras, Jimmy Luv e Funk Buya (grupo Z'Afrika Brasil), que também mistura rap com ragga, assim como Pentágono (Time do Loko), e ja trabalharam em suas mixtapes, já lançadas com Junior Dread e Sambatuh.

Do lado leste de SP temos Dom Fyah que produz e canta ragga, na Paraíba temos Sacal que produz, canta ragga e também faz parte do Don Dada Clan, alem de ser uma das revelações da cena, na Bahia temos o Ministério Publico Sound System que faz barulho por onde passa e tem vários cantores que estão com eles, Russo e um deles e tem um estilo muito bom de cantar. Em Goiânia temos o Lethal e o povo do Ragga Rural, em todo o Brasil temos cantores defendendo o ragga temos produtores e cantores em Minas Gerais como Pow Mx e Leal Sound que produzem cantam e fortificam a cena.

Lord C Lectah - o mano toca ragga, e muito… Vindo da Alemanha pro Brasil alguns anos atrás, Lord já e conhecido por suas “pedradas”, com sua “bengalinha” e altura (o homi é alto heim), faz uma discotecagem original, além de ter feito a mixturagga a primeira mixtape de Arcanjo Ras.


Chars ao centro com Planeta Dub
DJ Chars Chars e um veterano DJ profundo conhecedor do dub, que já lançou fanzines e vários cds, além de ser ex membro do 7velas. Chars promove festas e tem um set nacional em sua discotecagem bem alternativo e diversificado.

De alguns veteranos acima citados temos suas crias, Buyaka San é o filho querido de tudo isso e já tem 3 cds lançados e varias participações dentro e fora do pais, além de sua versatilidade, esta sempre em constante atividade da cena.

Outro ragga man filho querido é Flai Thunda de Sao Paulo (conhecido também por Muskitu e Soundbwoykillah), que movimenta a cena fortificando e apoiando em tudo que ela precisa alem de gravar com todos os veteranos exaltando a cultura Rastafari nos modernos riddims (do inglês Rhythm que significa Ritmo) do dancehall.

Ledread e um mano que faz vários flyers (circulares de festa) de ragga, produz também suas instrumentais da Kafofo Records, e já lançou a coletânea virtual jungle ragga com vários da cena, já produziu vários sons de cantores inclusive do Hughetu da zona leste de SP.

Alien Man - ex Mentes Alienadas onde cantava com Pump Killa,Alien e cantor de ragga em Rio Preto interior de sp,onde promove festas,movimenta a cena e faz parcerias com todos os cantores do estilo.


Jah Fabah, Jah Walla e Michel Irie, são cantores de reggae/dancehall que tem o foco na cultura rasta em suas letras, O Fogo Pega e Selassie I No Topo, fazem parte do Negus Ambessa Sound e com seu lap top lotado de riddims, onde passam fazem barulho, já tem cds na internet e somam nessa correria.

Stereodubs, produtor que faz varias para o rap nacional e atualmente produz ragga, lançou sua coletânea de ragga só com a nata, e esta preparando um álbum com todos eles.



De Curitiba temos o Mocambo, grupo de hip hop ragga que tem ate vinil, promovem festas, lançam músicas e são ativos na cena.

Do sul temos o produtor Ghetto I, que também e cantor, lança suas coletâneas pela I Vibez Records, lançando vários nomes conhecidos ou não da cena.

No ragga temos vários todos os estilos e no Brasil um dos principais defensores do ragga que fala de promiscuidade, prostituição e mulher certa/errada é o Sandro Black (RJ / ex Enganjaduz), que faz seu som voltado para isso, e já tem seu cd lançado defendendo o estilo slackness (estilo de ragga que fala de relações, sexo, etc)

Em Curitiba temos o Lion Kulcha Sound do cantor francês K-Namam (residente no Brasil),que faz seu ragga e movimenta a cena com festas e coletâneas virtuais.


Coletâneas virtuais de ragga e uma boa pedida para divulgação,o Jungle Reef idealizado por Raphael B (RJ). Já esta indo pra terceira edição e traz vários cantores,assim como a Ragga Brasil de Ragga Demente (DF), Meia Noite Riddim, Fya Bum e ragga nacional de Jimmy Luv, que já tiveram edições lançadas pela loja Jhonny B.Good que lança vários nomes do reggae/dancehall no Brasil.

Vindo da Guiana Inglesa junto com Simba Amlak no coletivo Rasta Congo Nyah: Lyson Fyah faz seu som reggae/dancehall em inglês e participa da cena cantando e gravando como os demais no seu estilo “conscious’ em mensagens fortes.

Mas sem festa não da pra cantar né? Entao em SP já tivemos as festas Ragga Bum idealizada pelo povo da griffe Crespo Sim e Ellen Miras, Ragga Jam idealizada por Jimmy Luv, Ha Ha Ragga pelo Don Dada Clan, e a mais nova Tupinikingston (idealizada por Flai Thunda, Ellen Miras, Buyaka Sam e Dum Dum) que volta e meia voltam em algum local central para o deleite de quem gosta do estilo.

Hoje você ouve em vários bailes black (Black Bom Bom, Pikadilha’s, Sambarylove) vários sons ragga, vários DJs estão tocando o estilo e pondo o povo pra dançar, mas antes e depois de eles tocarem ou não, estaremos levantando a bandeira e fortificando a cada dia que passar.



Essa matéria e dedicada a todos que lutam pelo raggamuffin no Brasil, todos que apoiam a cena e aos fakes, posers, embalistas, modinhas, continuem a divulgação!!!!


Por Alexandre Cruz aka Xandão - Publicado originalmente em 2009 @ http://blogdoalexandrecruz.blogspot.com.br/2009/08/historia-do-ragga-nacional-por.html
Ouça o SoundCloud do Xandão Cruz > https://soundcloud.com/alexandrecruz



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terça-feira, 8 de março de 2011

PODCASTING FYADUB #15 FEAT. ALEXANDRE BASA


No nosso décimo quinto podcast o convidado é nosso amigo querido e amado, Alexandre Basa, um dos melhores produtores que temos hoje em nosso quintal musical chamado Brasil. Basa produziu um dos melhores discos de Hip Hop nacional, o Babylon By Gus - O Ano Do Macaco de Black Alien, integrante do Turbo Trio juntamente com Tejo Damasceno e B.Negão... alem de outras parcerias do naipe de Instituto, Sabotage, AFrica Bambaata, Hieroglyphics, Mad Professor, Chuck D, Razhel, Dj Shadow, Beastie Boys, Nação Zumbi e por ae vai. Nesse programa conversamos sobre o nosso produto interno bruto, regionalização e importação da música. Além claro da seleção monstro que Basa fez. Enjoy!!!!!

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segunda-feira, 29 de março de 2010

RAPPER SPEEDFREAKS É ASSASSINADO EM NITERÓI

Ainda é um mistério a morte do rapper Cláudio Márcio de Souza Santos, de 37 anos, atingido por tiros, na madrugada da última sexta-feira (26), na favela do Sabão, em São Lourenço, Niterói. Um dos precursores do rap em Niterói, Speedfreaks, como era conhecido no meio artístico, traçou importante carreira musical. Cantor e compositor, integrou a banda Planet Hemp, ao lado de Marcelo D2, além de emplacar músicas dentro e fora do país. Ao se destacar no início dos anos 90, influenciou diversos artistas de Niterói e São Gonçalo, além de gravar com Fernanda Abreu e ter um hit mixado pelo DJ internacional Fat Boy Slim.

Parecendo prever a tragédia que tiraria sua vida, Speedfreaks já vinha falando sobre morte há algum tempo. “Ele não tinha medo de morrer. Costumava dizer que morreria um dia e não se preocupava com isso. Tinha a mente muito aberta e sabia lidar com as palavras. Acho que a justiça tem que ser feita. Somente depois que os assassinos dele forem identificados e presos dormirei em paz”, disse Alexandre F. de Oliveira, conhecido como MC Tigrão, amigo e parceiro de palco de Speed.
“Tocaríamos hoje (ontem) em Copacabana. Quando liguei cancelando o show, o pessoal da casa não acreditou no assassinato e disse que já tinham vendido cerca de 400 ingressos antecipados”, comentou Tigrão, que esteve com o músico horas antes do crime. “Estávamos na Praça da Cantareira conversando. Chamei para ir embora, mas ele preferiu ficar”, afirmou o amigo.

Speedfreaks e outro homem, identificado como Luciano da Silva, morador da Rua Riodades, no Fonseca, foram mortos com diversos tiros, por volta das 3h30, na favela do Sabão, próxima ao centro de Niterói. Os corpos foram jogados em um valão que corta a comunidade, na Rua Capitão Evangelista, mas ainda não é certo afirmar que os dois teriam chegado juntos ao local.

Policiais da 76ª DP (Centro), onde o caso foi registrado, darão início às investigações amanhã, para levantar o motivo e os autores do crime. Existe a suspeita de que o músico tenha sido morto como queima de arquivo.
“Ele fez jus ao apelido Speed (rápido, em português). Viveu intensamente e influenciou o desenvolvimento do rapper em Niterói”, definiu o músico, jornalista e amigo André Mansur.

Em 14 anos de carreira, Speedfreaks gravou sete álbuns, seis coletâneas e outros sete vídeos. Um de seus trabalhos, batizado como “Quem que caguetou?”, assinado por ele e Gustavo Black Alien, chegou a ser tema de um comercial da montadora Nissan, na Europa, onde o título foi adaptado para “Follow me” (siga-me).

Enterro - Além da família, que preferiu não se pronunciar, amigos compareceram ao sepultamento, ontem, como B. Negão e Gustavo Black Alien, ambos ex-vocalistas da extinta banda Planet Hemp, sucesso nos anos 90. B. Negão carregou o caixão até a gaveta 2455, onde Speed foi enterrado no cemitério do Maruí. Ele deixou uma filha de seis anos.


Parceiro de Marcelo D2

“Ele era um cara muito bom, não merecia morrer desse jeito”, desabafou o rapper Marcelo D2, amigo de Speedfreaks há mais de 25 anos. De acordo com D2, foi Speed quem o incentivou a seguir carreira. No primeiro CD do Planet Hemp (Usuário), Speed era integrante da banda.

Atualmente, Speedfreaks estava divulgando novos trabalhos, como a música “São Gonçalo x Niterói”, que já alcançou mais de 10 mil acessos no Youtube e chegou à Europa. Outra canção que segue o mesmo caminho é “Trocando ideia”.
“O rap dele era livre. Uma mente brilhante”, afirmou o rapper Gilber T. “O cara só trazia coisas boas e sempre se preocupou em agir corretamente com as pessoas”, destacou o amigo Ronaldo Campos.

Além dos shows com o Planet, no início dos anos 90, Speed também gravou CD solo de Marcelo D2, com a música “Império Contra-Ataca” e no trabalho batizado como “Rude Boy Style” (2001).

No mesmo ano, Speed lançou o CD “Expresso”, com participações do rapper paulista Rappin Hood, que ligou na manhã de ontem para prestar sua solidariedade, e o cantor Otto.

Segundo o próprio rapper, suas letras refletem humor negro e agregam histórias colhidas em sua vida. Na carreira, Speed teve trabalhos aclamados pela crítica nacional e internacional.


'Speed não merecia ter morrido desse jeito', diz Marcelo D2
Rapper foi encontrado morto em Niterói na madrugada desta sexta (26/03/2010).
'Ele era um cara muito intenso, me incentivou a cantar', lembra D2.
Amauri Stamboroski Jr.

"Ele era um cara muito bom, não merecia morrer desse jeito", desabafa Marcelo D2 sobre o amigo Cláudio Márcio de Souza Santos, o rapper Speed, que foi encontrado morto na madrugada desta sexta (26), no bairro de São Lourenço, em Niterói, na Região Metropolitana do Rio.

Segundo a polícia, o corpo de Speed e mais uma pessoa foram encontrados com marcas de tiros em um valão da Rua Capitão Evangelista.

"Conheço ele há 25 anos, nem lembro como foi que a gente se conheceu. Ele era um cara muito intenso, e me incentivou muito a começar a cantar", recorda D2 em entrevista por telefone ao G1.

Abalado com a morte do amigo, ele lamenta por não poder comparecer ao enterro, às 15h deste sábado (27). "Estou preso no aeroporto de Salvador, só chego no Rio às 17h, queria muito ir ao enterro".

D2 tem uma apresentação marcada para este sábado no Citibank Hall, no Rio, e diz que deve homenagear Speed. "´P*, não é um bom momento para fazer um show", desabafa.

'Cara de artista'
O rapper gravou faixas com Speed em seu trabalho solo, incluindo uma inédita que ficou de fora de seu último álbum, "A arte do barulho", de 2008. Apesar do clima de luto, D2 lembra de bons momentos ao lado do amigo.

"Quando a gente estava começando, não tinha grana, queríamos entrar em uma festa de graça. Ele chegou pra mim e disse 'me imita que a gente entra. Enche o peito e faz cara de artista que a gente passa'. Deu certo. Até hoje a gente fazia essa brincadeira um com o outro: 'Faz cara de artista!'", recorda.

Outros colegas do rapper, como o paulsitano Kamau, também lembraram da importância de Speed. "Ele foi um pé na porta, trouxe uma nova linguagem para o rap. Ele tinha muita coisa para contar. Com certeza serviu como referência".

Daniel Ganjaman, produtor musical e membro do coletivo Instituto, conta que Speed foi importante na história do rap brasileiro. "[A morte foi] lamentável, inacreditável. Acho ele um dos caras que tinha as letras mais inteligentes do rap no Brasil, ao lado do Black Alien. A parceria dos dois foi histórica. Na época que eles apareceram, há dez, quinze anos atrás, não tinha nada de parecido. Se você ouvir até hoje, é algum incrivelmente atual. Além disso ele era um grande músico, baixista fenomenal, um autodidata".


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